quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Sobre as atualidades já antigas...

 Já fazia algum tempo que eu não me dedicava a escrever. Na verdade, ainda não estou de volta à atividade como eu estava antigamente, mas tudo bem. Eu entendo que inspiração é algo que se adquire. E, no momento, eu não vou forçá-la demais, porque corro o risco de, como um bicho arisco e extraviado ao ambiente no qual se encontra, fazê-la sair correndo.

 Seja como for, eu só tive essa súbita vontade de me sentar aqui e começar a comentar sobre coisas quaisquer, porque eu estou realmente indignada com os acontecimentos dos últimos dias. Como leitora assídua de portais como G1, O Globo, Estadão, Folha de São Paulo, SuperInteressante e outros sites mais de curiosidades ou notícias, posso dizer que as mais recentes estão me chocando como nunca me chocaram antes. Como futura historiadora (penso eu, já que lidar com psicologia criminal também está nos meus planos), há algumas considerações que eu gostaria de fazer, justamente porque acredito que no futuro, nas minhas salas de aula, diante dos livros aos quais meus alunos estarão expostos, haverão os acontecimentos que estou testemunhando atualmente; sendo que me encontro totalmente impotente diante deles, apesar de revoltada e realmente indignada com a imbecilidade do ser humano.

 Duas manchetes foram as que mais me impressionaram e me fizeram debater com vários e vários amigos, fosse no trabalho, na escola ou em casa mesmo. O rompimento da barragem em Mariana, em Minas Gerais e os atentados terroristas na França.

 Como eu disse, me imagino, daqui a alguns anos, fazendo com que meus alunos abram os livros de História e vejam os acontecimentos mais marcantes das últimas décadas. Todavia, infelizmente, tenho consciência de que a tragédia envolvendo lama em uma cidade brasileira, poderá não estar naquelas linhas. Quase não há certeza de que estes ataques ao povo francês também estejam, mas como todos costumam acreditar, o que é europeu, sempre terá mais chance de ser estudado pelo pessoal lá fora, do que o que é sul-americano. Ainda não consigo entender o motivo de não haver a mesma importância para todas as civilizações no mundo, mas tudo bem. Vamos aos comentários.

 Antes de qualquer parecer sobre os ocorridos de forma individual, eu gostaria de conciliá-los e dizer que não, nenhuma tragédia é maior do que a outra. Parece que o pessoal gosta de ficar comparando quem poderia estar sofrendo mais: família de quem perdeu alguém em atentados envolvendo armas e bombas ou as famílias desabrigadas por conta de erros humanos, de uma gestão e administração eivada e precária. Quase como se fosse possível justificar a dor destas pessoas ou consolá-las com comentários de piedade, condolências e tudo o mais. Quase como se... Por Deus, pregassem a empatia para com qualquer uma das pessoas envolvidas em uma das situações e desprezassem a outra. Por exemplo, como se quisessem vitimizar ainda mais os atingidos pela tragédia em Mariana e passassem a desprezar o horror que agora acomete o território francês, ou vice-versa.

 Isto é grotesco, antiético e, porque não dizer, totalmente irracional, sem fundamento, sem lógica alguma; o que só demonstra toda a falta de discernimento que pode haver em um ser.

 Mesma falta de discernimento que está causando este verdadeiro inferno na Europa. Religião nunca foi o meu forte, apesar de eu sempre gostar de estudar sobre assunto de maneira que pudesse enriquecer meus argumentos e tudo o mais; entretanto, qualquer pessoa em sã consciência reconhece que extremismos são mais do que ideologias; são armas carregadas e apontadas para a cara de qualquer um que se volte contra elas. Qualquer pessoa em sã consciência reconhece que radicalismo, seja ele na igreja cristã (vejamos os casos de pastores evangélicos que destroem terreiros do candomblé, ou islâmicos que perseguem a minoria cristã com todas as suas forças) ou em religiões/doutrinas quaisquer, é patético, doentio e totalmente fora de questão. Não há defesa para qualquer pessoa que se julgue superior por ser de determinada cor, de determinada origem, de determinada qualquer coisa. Que dirá para alguém que se julga melhor que outra pessoa só por crença. Credo. Imaginação.

 Porque não é querendo ofender, mas a religião não é nada mais do que isso: imaginação que resulta em fé e fé que, não sei eu dizer até hoje, pode mover montanhas para você. Fé é isso, acreditar que algo vai acontecer só porque você quer acreditar nisso. Há aquele tipo de fé que não faz mal a ninguém e que só te beneficia, que te ajuda a seguir com sua vida nos momentos mais difíceis. Mas, como há o dualismo em tudo que tocamos, vemos e somos, há também aquela fé que corrompe, que perturba e ensandece; que te dá nas ideias e que te faz cometer as mais absurdas atrocidades. Tudo em nome do que você acredita; seja em um Deus ou em uma ideologia. Sei lá eu a quantas anda o credo popular, atualmente.

 Então, munidos desta imaginação toda, os terroristas estão agindo agora. Já vimos outros, como o 11 de setembro e alguns mais sucintos, mas igualmente caóticos, como a derrubada de aviões em solos de conflito, Eu realmente não acredito que exista uma saída para este mundo, que não seja o bom senso; coisa que será difícil das pessoas terem em sua grande maioria, se hoje deixaram de matar por um pedaço de carne, como nossos ancestrais faziam, para matar em nome da religião.

 Sobre a tragédia em Mariana, o buraco é bem mais embaixo. Eu não sou nacionalista, nem patriota, mas não sou do tipo que vive para cima e para baixo dizendo que a culpa é da Presidente ou que todos os políticos são corruptos, que todos os problemas do Brasil envolvem o governo. Na verdade, na mais absoluta sinceridade, eu acredito que cada país tem o cuidado que merece; nosso povo é acomodado e preguiçoso, gosta de bancar o malandro e parece sempre reclamar de mais e mais responsabilidades. Que tipo de governo ele poderia esperar então? Obviamente, é um erro generalizar, mas é a partir da dedução de como é a maioria que, infelizmente, a sociedade de hoje em dia julga o que está nos padrões ou não está.

 Seja como for, eu não acredito que ela esteja sendo abafada pelos ocorridos na França, na Líbia, Síria, Bélgica e qualquer outro lugar que esteja em conflito agora. Acredito, apenas, que nosso governo está fazendo o que sempre fez: deixando informações importantes de lado, quase que desmerecendo o que está ocorrendo. Que diabos poderíamos fazer se o pessoal da França está realmente empenhado em divulgar sua tragédia?! São europeus, sim, Podem possuir mais destaque por isso? Sim. Mas isso não significa que o povo brasileiro seja menos importante; que o nosso governo também não deva veicular os ocorridos e quais as devidas providências que tomará, pela TV, jornal e o escambau.

 Parece até que vivemos com a mesma mídia que Stálin controlava, não?

 Em assuntos assim, não nos serve de nada debater sobre capitalismo ou socialismo, atividades globais, corrupção, tratados de paz, soluções a longo ou curto prazo. Não, de verdade. Nós temos é de refletir sobre o que está acontecendo bem debaixo dos nossos narizes e passar a nos questionar o motivo de não nos comovermos com determinada situação, se estamos tocados por outra. Apesar de saber que existem os que nunca vão se abalar pelo que ocorre com terceiros e nunca com si mesmo, felizmente, os empáticos são maioria.

 Precisam apenas deixar de ser tão hipócritas como estão se mostrando diante de situações assim.

"Todos nós somos resultados do que nós pensamos. O pensamento é tudo. Nós pensamos, nós nos tornamos." ou "Nós somos o que nós pensamos. Tudo que somos surge com nossos pensamentos", em outros textos.


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