terça-feira, 29 de abril de 2014

Le Petit Prince

Era um menininho de cabelos dourados, da cor do trigo no campo. Fez grandes amigos, como um piloto de avião que, outrora, adorava desenhar e teve sua aspiração à desenhista, arruinada pelas pessoas grandes, que não compreenderam o que era uma jiboia devorando um elefante; e como uma raposa, falante que só e extremamente afável. Ao fim de sua jornada, ou quase isso, a mesma lhe fez presente de um segredo:


Pensei nisso durante um bom tempo, logo após fechar o livro, respirar fundo e tentar me livrar das lágrimas. Quer dizer, esta é uma obra tanto para crianças, quanto para pessoas mais velhas, já que eu tenho certeza de que, dependendo da época da sua vida, em que você estiver, terá um significado único quando você ler. Ou simplesmente correr os olhos por cada ilustração ou por cinco ou seis palavras de cada capítulo.
É uma história que envolve amizade, basicamente. Um piloto que se perde no deserto, após uma pane no avião. Este mesmo piloto que, quando criança, gostava de desenhar jiboias devorando elefantes e mostrar aos outros. Perguntava aos mais velhos, se a imagem não lhes causava medo. E as pessoas grandes, sérias e ao mesmo tempo tão bobonas, como eram e ainda são, respondiam: "Por que eu teria medo de um chapéu?"


Deixou então uma promissora carreira de desenhista, para trás, por conta de tais frustrações. Dedicou-se à geografia, matemática. Aos números e palavras, já que era o que as pessoas grandes diziam que era o que importava. Com isto, tornou-se piloto. E parou onde foi parar.
Lá, depois de acordar no dia seguinte à pane, topou com um menininho de cabelos louros e roupas... Diferentes. A voz infantil lhe pedia, com fervor: "Por favor, desenha-me um carneiro?"
Mesmo que achasse estranho, o piloto o fez.
Por três vezes, se eu bem me lembro. Porque, o princepezinho, muito exigente, percebia os motivos que faziam um carneiro parecer ou um bode, ou um carneiro doente demais.
Por fim, o piloto, impaciente, desenha-lhe uma caixa.
O menino, então, feliz, agradece! Poderá ter uma bela companhia em seu planeta, o asteróide B612, agora.


Não ficarei narrando a história inteira. Só queria uma introdução simples para mencionar aqui as frases mais lindas do livro, para mim. Tenho o exemplar fininho, todo ilustrado, meu maior xodó:


Anote minhas palavras: ainda comprarei a edição lindíssima onde as figuras se montam, ao abrirmos o livro. Sério! Um dia, quem sabe...
Por fim, contentando-me-ei com as frases. Estas que eu gosto de usar com meus amigos, já que são, para mim, a melhor maneira de expressar o que sinto em relação a eles. Aos realmente bons. Todos que vejo como minhas rosas, a quem cativei; consequentemente, por quem eu sou responsável também.

"Peço perdão às crianças por dedicar este livro a uma pessoa grande. Tenho uma
desculpa séria: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo no mundo. Tenho uma
outra desculpa: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os
livros de criança. Tenho ainda uma terceira: essa pessoa grande mora na França, e ela tem
fome e frio. 
Ela precisa de consolo. Se todas essas desculpas não bastam, eu dedico então esse
livro à criança que essa pessoa grande já foi. Todas as pessoas grandes foram um dia
crianças - mas poucas se lembram disto." (Antoine De Saint-Exupèry, introdução)

"Quando encontrava uma que me parecia um pouco lúcida, fazia com ela a
experiência do meu desenho número 1, que sempre conservei comigo. Eu queria saber se
ela era verdadeiramente compreensiva. Mas respondia sempre: "É um chapéu". Então eu
não lhe falava nem de jiboias, nem de florestas virgens, nem de estrelas. Punha-me ao seu
alcance. Falava-lhe de bridge, de golfe, de política, de gravatas. E a pessoa grande ficava
encantada de conhecer um homem tão razoável."


"Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe..." (O Pequeno Príncipe)

"As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo
amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: "Qual é o som da sua
voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas? "Mas
perguntam: 
"Qual é sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? 
Quanto ganha seu pai?" Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos
às pessoas grandes: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombasno telhado. . . " elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso
dizer-lhes: "Vi uma casa de seiscentos contos". Então elas exclamam: "Que beleza!" 

"É triste esquecer um amigo.
Nem todo o mundo tem amigo. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que
só se interessam por números."

"Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol..."

"É tão misterioso, o país das lágrimas!"

"Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz."

"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas
palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe
adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu

era jovem demais para saber amar." 

"É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas."

"É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar. A
autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão
todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são
razoáveis." (O Rei Solitário)

"Tu não és ainda para mim senão um garoto
inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não
tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil
outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para
mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..." (A Raposa)

"A gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar."

"Se tu vens, por exemplo,
às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for
chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a
hora de preparar o coração." (A Raposa)

"Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves
esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável
pela rosa..." (A Raposa)

Se eu esqueci mais alguma frase, é porque eu estou com o livro nas mãos e fico esquecendo de continuar escrevendo. De qualquer forma, são as minhas favoritas. Incluindo: "Só se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos." Tanto que ainda tenho planos de tatuar a jiboia aberta e fechada, com alguma amiga. Ou escrever uma dessas frases.
 Quem sabe...
Sem sombra de dúvidas, posso afirmar que este é um dos meus livros favoritos. Tenho uma meta de relê-lo ao menos uma vez por ano, para ver o que sentirei das próximas vezes.
Haja lágrima, haja coração... E haja despedidas, porque é nisto que consiste a obra.
Ao menos, para mim.

"Se você vem às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz!"

A gente corre o risco de chorar um pouco - ou muito - quando se deixou cativar, não é, Raposa?




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